domingo, 14 de agosto de 2011

Roteiros ou entrevistas?

"Sabemos que vai ser um jogo muito difícil, mas temos que entrar em campo e fazer tudo que o professor pediu durante a semana, sempre respeitando o adversário e com muita humildade mas vamos ter atenção com as bolas paradas aí que é o forte deles, são jogadores muito bons aí, mas a gente também sabe do nosso potencial e vamos aí contando com apoio da nossa torcida em busca dos três pontos aí que vão ser muito importantes pro nosso time na sequência da competição."

Aposto que você ouviu uma entrevista de jogador de futebol parecida com essa no último fim de semana. E no penúltimo também. E no antepenúltimo, e no outro, e no outro... pois é.

Saudosas as entrevistas de Romário, Vampeta, Edmundo e outros, que sabiam fazer daqueles 10 minutos antes de um jogo um atrativo a mais, e não simplesmente algo chato que só serve pra você não perder o início do jogo. Mas será que essa monotonia é culpa dos jogadores?

É importante lembrar que, enquanto a maioria dos jogadores não tem sequer ensino fundamental concluído, todo e qualquer repórter de campo com certeza tem formação escolar, e imagino que todos tenham ensino superior. Tudo isso pra abordar o jogador com perguntas imbecis como "Qual a sensação de estrear pelo clube tal?" ou "O que que vocês pretendem no jogo de hoje?". Entrevistas hoje são apenas tapa-buracos de transmissões muito mais por causa de jornalistas covardes e bitolados, do que por causa de jogadores. Afinal a função de fazer a entrevista acontecer é do repórter, e só dele.

Falta coragem para perguntar aquilo que o torcedor perguntaria se estivesse lá, já que é para isso que a entrevista serve. Perguntar o que o jogador fazia na balada no dia anterior se a fase dele não é boa, ou por que ele preferiu chutar todas aquelas vezes mesmo vendo um companheiro melhor posicionado. Ou perguntar ao técnico por que ele escalou aquele jogador que a torcida já não aguenta mais, e deixou a contratação no banco de reservas.


Para não deixar só críticas, destaco Cícero Mello (ESPN) e Carlos Alberto Cereto (SporTV) como exemplos de repórteres corajosos, que não se sentem com o dever cumprido fazendo perguntas débeis apenas para passar o tempo. Certamente, se todos os repórteres fossem como eles, futebol conseguiria nos entreter por mais de 90 minutos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário