quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ressuscitai, cultura brasileira!

Eis que vem se destacando, finalmente, uma das mais novas integrantes do seletíssimo grupo de cantoras que conseguem reunir talento e beleza naturalmente, de uma forma simples e humilde. Shakira, Mariah Carey, Beyoncé, Avril Lavigne, Amy Lee, Paula Toller, Maria Rita e algumas outras agora tem a companhia da grata revelação Paula Fernandes nessa seleção, que poderia e deveria ser bem maior.

Atualmente, vemos o som e as letras bem compostas serem substituídas na preferência popular por um desfile de moda (?) que sem mais nem menos resolveu abandonar as passarelas para invadir os palcos. É um desejo enorme pelo destaque visual, pelo que possa ser diferente aos olhos, pela preponderância das cores e do físico sobre a própria harmonia dos instrumentos. Artistas agora ganham a mídia com franjas características; com letras de 5 palavras que nem sequer foram compostas pelos próprios; com cores tão variadas quanto possível; ou simplesmente indo aos microfones para dizer que só não aplicam silicone mais de uma vez por ano por proibição médica.

Você provavelmente pensou, respectivamente, em Justin Bieber, Michel Teló, Restart e Valeska Popozuda. Antes fossem só eles - a moda já pegou.

Acontece que, em meio a esse tempo de sucesso barato e não necessariamente nutrido de algum talento, ainda há os nobres guerreiros que tem a consciência de que música é feita para os ouvidos, e não para os olhos, como disse uma vez a cantora Adele. Ainda existem os que tentam salvar o rock da infestação das cores e da banalização do som; existem os que tentam fazer com que o pop seja um som universal, e não apenas uma moda passageira feita exclusivamente para adolescentes; e, por que não, existem os que tentam resgatar o antigo sertanejo em meio ao lamaçal, apelidado "universitário", que quase o engoliu. Nada contra a maioria das músicas de Jorge e Matheus, Luan Santana e até algumas do próprio Michel Teló, mas o sertanejo "de verdade" não podia ser esquecido. E, depois de honradas tentativas promovidas por alguns - meu destaque iria para Victor e Léo - cai do céu Paula Fernandes para tomar conta do serviço.

Certamente, haverá quem confunda sertanejo com falta de talento, já que há muito caiu nas graças do senso comum o ódio não só pelo sertanejo, como pela cultura brasileira em geral. Só que talento não se trata do subjetivo, não se trata do gostar ou não gostar. Demonstra-se talento musical quando se consegue atingir diferentes idades, de diferentes classes sociais, exclusivamente com a voz, com o som, com aquilo que a sua profissão pressupõe que você sabe fazer bem feito.

Quando se tem uma voz extraordinária, não é necessário apelar para o visual de uma aparência igualmente impressionante para conquistar o sucesso, e Paula Fernandes sabe disso. Eleita a 16ª mulher mais sexy do planeta, Paula dispensa a vulgaridade do uso de poucas roupas - tão comum atualmente - em todos os seus shows a que tive acesso no Youtube. Geralmente acompanhada de seu clássico violão, a cantora se abstém de outra oportunidade de se caracterizar para as câmeras: um violão pintado de rosa choque, e/ou com escritas em amarelo fluorescente certamente estaria entre as ideias "geniais" de muitos pseudoartistas por aí para se tornarem únicos e imortalizados pela mídia.

Encantando um público imenso com suas próprias composições, a artista emociona com músicas lentas e letras românticas, bem construídas; mas também não deixa de lado em outras músicas o estilo country mais agitado que muito remete aos antigos hinos sertanejos, que narravam as histórias do peão, do boiadeiro, do campo em geral. Muitíssimo recomendo os exemplos que deixei abaixo e que ilustram essas descrições.

Você pode não gostar, mas clássico é clássico. E ele está de volta.



Um comentário:

  1. Excelente! Parabéns pela volta do blog... estava na espera! Uma materia citando a "Pulinnha" entao... mandou bem! Muito bom o dvd dela! =)

    ResponderExcluir