terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Um narrador que não dispensa comentários


Recentemente, talvez pelas declarações de que a Copa de 2014 seria a última narrada por Galvão Bueno, os canais Globo e SporTV promoveram uma série de especiais em homenagem ao narrador. Os programas vendiam a ideia de que este é unanimidade na preferência nacional, e o melhor narrador de todos os tempos. Honestamente, uma ideia que não consegui comprar.

Não vi a Copa de 1994, mas consegui sentir nos programas o quão marcante deve ter sido a narração de Galvão nos gols dos últimos jogos. Não me entendia muito por gente ainda em 98 e não lembrava da sua decepção ao narrar "É o gol da vitória... o gol do título inédito para o futebol francês...". Com certeza, me lembro até hoje da narração de cada "golaço" de Marcos na final contra a Alemanha em 2002 e, obviamente, dos gols de verdade, e sobre ela eu posso comprovar: marcante, sem dúvidas.

Galvão Bueno soube transmitir e inflamar como ninguém a emoção do torcedor brasileiro que assistiu às vitórias e às derrotas da seleção, dos pilotos e até mesmo, como ocorreu recentemente, dos lutadores de MMA, pela TV. Nesse quesito, um narrador quase imbatível sem dúvidas.

O problema é que a profissão de um narrador não se desenrola apenas em jogos finais de seleção brasileira ou em bandeiradas na Fórmula 1. Não consigo chamar de "unanimidade", "mito", "inquestionável" um narrador que frequentemente comete gafes, atropela comentaristas, coloca assuntos desnecessários na transmissão, comenta tópicos sem sequer ter certeza do que está falando, entre outros defeitos que, não à toa, lhe renderam o título de "narrador mais chato do Brasil" no meio de muitas conversas informais sobre esportes.

Galvão parece ser uma excelente pessoa, e é sem dúvidas o ícone da torcida brasileira. O que deixa a desejar é justamente aquilo pelo qual ele é exaltado: o exercício da profissão. "Menos bordões e mais qualidade" - acho que esse seria o meu pedido para Galvão Bueno.

2 comentários:

  1. Um dos motivos de ser tão famoso é a quantidade de bordões...ou você consegue imaginar um jogo narrado por ele sem começar com ''Bem,amigos''?..um gol de algum jogador com R, sem a ligua enrolar na hora de falar?.. Fora outros coisas que você comenta quando brinca de narrar em casa, falando nas frases bordões dele, como ''haja coração'' ''subiu no segundo andar''..Copa de 98 foi marcada por ''sai que é sua Taffarel''...Você é fã de Milton Leite, eu também sou, muito da sua fama se deve a bordões também. Não é sacanagem, mas não concordo com seus argumentos. Acho Galvão um péssimo comentarista mas sobre bordões não concordei.

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  2. Eu entendo você não concordar. Ficou um post suscinto porque eu não tava muito a fimd e me estender sobre isso, então só dei uma resumida no que eu considero os "defeitos" dele. Você falou dos bordões e da Copa de 98, e eu falei sobre eles no post, e listei como qualidade. Mas, como eu disse, narração não se resume a final de campeonato. Sou fã do Milton Leite porque, além dos bordões, ele não atrapalha as transmissões. Ele acrescenta humor sem atropelar comentaristas e repórteres, e os pitacos sérios dele são muito mais relevantes do que os do Galvão.
    De novo, não acho Galvão ruim pelos bordões. Muito pelo contrário, considero isso bom num narrador. Só acho que isso não pode esconder os defeitos que ele tem como narrador, que são os que eu listei, e que na minha opinião impedem ele de ser esse "mito" que alguns consideram.

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